Protetor Solar e o impacto nos oceanos

Os protetores solares são essenciais para proteger os seres humanos da radiação ultravioleta, que pode causar câncer de pele, envelhecimento e outros problemas.

No entanto, apesar de comprovadamente salvarem vidas, estudos têm indicado que eles estão contaminando a água dos oceanos e agredindo ecossistemas marinhos.

Por conta disso, locais como o Havaí (Estados Unidos) proíbem por lei a comercialização de protetores solares que contenham substâncias comprovadamente prejudiciais aos corais.

Todos os anos estima-se que 14 mil toneladas de protetor solar vão parar nos oceanos.

Oxibenzona e o branqueamento de corais

Geralmente, os protetores solares contêm 20 compostos químicos, sendo a oxibenzona um dos ingredientes mais utilizados graças a sua eficácia no bloqueio dos raios UV na pele humana.
Há anos a oxibenzona é associada aos danos à recifes de coral, porém muitos não sabiam explicar o porquê. Agora, um novo estudo publicado na revista Science adicionou uma nova peça importante a esse quebra-cabeças.

Pesquisadores expuseram 21 anêmonas à água do mar misturada com oxibenzona. Um grupo foi exposto a lâmpadas que simulavam a luz solar e outro ficou no escuro.

Bastou seis dias para que a primeira anêmona exposta à oxibenzona e deixada na luz UV morresse. Dez dias depois, todas as anêmonas cobertas de luz estavam mortas, enquanto todas as anêmonas que não foram atingidas pelos raios UV estavam vivas.

Sendo assim, os pesquisadores descobriram que os corpos das anêmonas tratam a oxibenzona como uma substância estranha, desencadeando processos metabólicos que alteram a sua composição química, tornando-a uma toxina mortal.

A pesquisa é divulgada em um momento em que um fenômeno chamado de branqueamento, causado pelo aumento das temperaturas e poluição dos oceanos, está devastando recifes de corais em todo o mundo.

Quando ocorre, as algas são expelidas dos corais em que residem, deixando os animais marinhos sem sua fonte primária de alimento e mais suscetíveis a doenças.

O fato é que os corais são verdadeiros ecossistemas de biodiversidade que acolhem de 25 a 50% das espécies marinhas, desempenhando um papel fundamental na proteção contra a erosão dos solos, além de diminuir danos causados por furacões e tsunamis.

Por isso, a proteção dos recifes de corais é de grande importância para a vida na Terra. Entretanto, cerca de 75% deles encontram-se ameaçados pela atividade humana e as substâncias tóxicas dos protetores solares.

Além disso, estima-se que 30% dos corais tenham sido irreversivelmente perdidos nos últimos 30 anos e, caso o aquecimento do planeta não seja revertido, 90% dos recifes deverão desaparecer até 2050. Como consequência, além da perda da biodiversidade, mais de 500 milhões de pessoas dependentes desses ecossistemas – para proteção costeira, alimentação e trabalho – serão afetadas.

Proteção solar sustentável

Infelizmente, apesar de ser intuitivo dizer que basta comprar protetores sem oxibenzona para proteger os corais, esse não é o caso.

Um dos principais autores do estudo, Djordje Vuckovic, explica que mesmo os protetores solares considerados seguros podem ser perigosos, uma vez que utilizam componentes químicos parecidos com a oxibenzona, logo, também podem ser tóxicos aos corais.

Ainda assim, o estudo merece ser comemorado, pois permitirá diminuir os efeitos das mudanças climáticas, além de viabilizar novas pesquisas que auxiliem na criação de uma fórmula de filtro solar que proteja os humanos e seja inofensiva às demais formas de vida.

Fontes: National Geographic | Green Me | Safe SEA | CBS News

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