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Cabelo pode limpar oceano e até fabricar diamante

Os cabelos que ficam espalhados pelo chão dos salões após o corte podem ajudar o meio ambiente e até fazerem parte da composição de pedra preciosa.

As madeixas podem, por exemplo, ser matéria-prima para produção de tapetes absorventes de óleo no oceano. A descoberta dos fios para esse fim aconteceu em 1989, quando um cabeleireiro chamado Philip McCrory, do Alabama, nos Estados Unidos, acompanhava as notícias do desastre ecológico no Alasca, onde 11 milhões de galões de petróleo foram derramados em um vazamento do navio Exxon Valdez. Até que ele viu uma reportagem em que trabalhadores tentavam limpar uma mancha de petróleo de um casaco de pele, mas o óleo parecia que ficaria grudado para sempre nos pelos do casaco.

Foi então que McCrory pensou: se uma pele coberta de pelos pode segurar o petróleo, talvez o cabelo humano também consiga. Ele, então, pegou cinco quilos de cabelo do seu próprio salão e fez uma experiência: colocou todo o cabelo dentro de uma meia-calça e a amarrou, formando um anel de cabelos. Colocou o anel dentro de uma piscina de plástico e derramou óleo de motor de carro dentro do anel. O óleo aderiu ao cabelo e não deixou nenhum resquício na água.

O cabeleireiro viajou até o Centro de Transferência de Tecnologia do Alabama para compartilhar com os cientistas o fato descoberto e os testes apontaram que, com apenas dois dólares, é possível ter cabelo suficiente para retirar um galão de óleo da água, em menos de dois minutos. O método se mostrou muito mais barato do que os meios tradicionais de limpeza do petróleo, que custavam cinco vezes mais e demoravam muito mais tempo para absorver o óleo. McCrory patenteou sua descoberta e, desde então, os cabelos têm ajudado a minimizar os efeitos de diversos desastres ambientais.

Precioso diamante

As madeixas, quem diria, podem se transformar em um valioso diamante. As pedras podem ser produzidas artificialmente a partir de qualquer substância orgânica, como cabelos.

O método mais tradicional para fazer diamante em laboratório é chamado de HPHT, sigla que, em inglês, significa alta pressão e alta temperatura. Como cerca de 99,95% dos diamantes naturais são feitos de carbono, a ideia é colocar um material feito de carbono sob alta pressão e temperatura. Para isso, um equipamento que ocupa um espaço de mais de 100 m² simula as condições no interior da Terra, com pressão de mais de 50 mil atmosferas e temperatura de 1.500ºC. O cabelo é transformado em carbono puro em um forno especial. As cinzas são purificadas e transformadas em grafite. Por pelo menos uma semana, ficam na máquina principal que mantém a alta temperatura e a alta pressão.

O processo inteiro dura entre 15 dias e um mês. Cerca de 2 gramas de cabelo podem fazer diamantes de 2 quilates. O preço vai de R$ 5.000 a R$ 20.000.

Um estiloso óculos de sol

Os cabelos podem, ainda, ser matéria-prima para a produção de óculos de sol. Dois estudantes da universidade britânica Royal College of Art elaboraram óculos feitos de cabelo humano. No processo de fabricação, as madeixas são comprimidas em uma resina vegetal, 100% biodegradável e ficam prontas para serem moldadas. O produto não libera nenhuma substância tóxica durante a produção, sendo completamente seguro.

A importância do reaproveitamento

Reaproveitar restos de cabelo — que também podem ser usados na confecção de perucas que vão da transformação do visual ao auxílio à pacientes em tratamento contra o câncer — traz ainda impactos positivos ao meio ambiente. Isso porque quando jogados no vaso sanitário ou levados pela água da pia ou do chuveiro, os fios de cabelo param dentro do sistema de tratamento de esgoto. Como não são degradáveis, formam uma malha que acarreta diversos problemas, além de dificuldades para serem retirados e corretamente destinados.

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